Se a vida é uma escola, é melhor a gente não se formar nunca!

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terça-feira, 27 de março de 2012

JORNADAS E OFICINAS


FAVELA RULES
Pesquisadore de Zurique apontam as principais dicas para
soluções em habitações de assentamentos precários
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IMPRESSÕES DA JORNADA

"Participei de 4 visitas na Jornada da Habitação 2012 - SP Calling: Cantinho do Céu, Bamburral, Heliópolis e Cortiços do Centro.
Na visita com colegas da Faculdade de Arquitetura & Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, no Cantinho do Céu (Grajaú, zona sul de São Paulo) fomos instados por Marcos Boldarini a propor algo valorizando a água. A preocupação do arquiteto é que o paulistano despreza as suas represas. A implantação do Parque Cantinho do Céu contempla a água. Além do percurso margeando a represa, as varandas robustas e agradáveis ali movem o olhar para a água. Então deveríamos atuar neste sentido, independente de nosso projeto ser funcional (decks, passarelas, pontes, balsas etc) ou artístico - como foi o que apresentamos (Arautos Ambientais).


Marcos Boldarini citou o Teatro del Mondo, de Aldo Rossi como um exemplo que poderia inspirar as equipes de alunos engajadas no evento. De fato, busquei desde o início dos Arautos Ambientais usar a água como palco, como cenário.


Na visita seguinte, em Bamburral - região de Perus - fomos incentivados a propor algo que ligasse reciclagem, educação ambiental e renda. Ora, a proposta mais óbvia seria criar escolas ambientais para jovens. Nosso projeto, Ouvir Estrelas seguiu esta linha, mas ousou por instalar sobre o antigo aterro sanitário 5 grandes tendas amarelas, cada uma das quais contendo um centro de ensino, de produção ou de encontros.


Nestas duas propostas notei uma armadilha: a questão ambiental aproxima-se fortemente das soluções de engenharia: usinas de processamento, reciclagem, compostagem, armazenamento e transporte. O uso da água, no Grajaú, como elemento transporte também empurra o projeto para uma solução de engenharia: passarelas, pontes, balsas, terminais de transporte, baldeação e assim por diante.


No caso do Bamburral o espaço da Arquitetura & Urbanismo foi extremamente comprometido por uma injunção topológica: nenhum prédio poderia ser construído sobre o solo ainda frágil daquilo que foi um aterro sanitário. Esta situação apontava para instalar algo junto ao córrego, à escola ou ao prédio de apartamentos que ora está sendo construído pelo escritório Brasil Arquitetura.
Não fosse pensarmos nas 5 tendas leves e seus contêineres, dificilmente teríamos projetado algo diferente de uma usina de reciclagem de resíduos. Não que isto seja mal, de per si. Mas nos incomodava termos diante de nós apenas uma opção - nesse caso não seria "opção": seria um programa e projeto amarrado, não livremente pensado.


Heliópolis pediu-nos lidar com as vias de circulação e miolos de quadra. Propusemos lajotas coloridas que servissem de orientação aos visitantes e também de elementos para criação mobiliário urbano inovador.


Na Jornada com os Cortiços do centro não se nos pediu nada, mas criamos o Periscópio Amarelo, um tubo de PVC com espelhos no interior, capaz de levar algum facho de luz para qualquer quarto obscuro, carecendo de luz e um pouco de ventilação.


Tanto nas solicitações como nas entregas feitas pelos colegas notei um predomínio da questão funcional, da engenharia, sobre a Arquitetura & Urbanismo e isto me preocupa. Diversas pranchas com lixeiras, pequenos carrinhos coletores, usinas de reciclagem ao lado de decks e caís, sistemas de coleta etc. Notei nossa fraqueza, como arquitetos, em pensar de modo mais criativo e como coordenadores do uso do espaço. A Jornada da Habitação a meu ver, coloca desafios de criatividade aos envolvidos. A resposta dos alunos de Arquitetura estão, penso eu, à mercê da engenharia ambiental. O que não desmerece as propostas apresentadas tendo em vista a premência da questão ecológica em nossos tempos. Uma ideia sugerida para o Bamburral pareceu-me extremamente inovadora e desafiadora: cada prédio deveria ter em seu subterrâneo uma pequena usina de reciclagem do lixo. Este conceito de transformação in loco, sem necessidade de grandes sistemas de transporte afina-se com o modelo encontrado na própria natureza.
Os dejetos em cada bioma são tratados ali mesmo: folhas murchas, no chão se decompõe na própria floresta, não carecendo serem levadas a outra região para sua reciclagem. Se atingirmos este grau de sofisticação ao tratar nossos descartes, será um grande avanço.


De modo geral confesso-me preocupado com a ausência de propostas de maior vetor arquitetônico. Parece ser conceito geral de que o momento é da engenharia: as máquinas, elas farão a reciclagem. O resultado desse conceito é nos depararmos com interessantes projetos unindo vários modelos de coleta, trituração e transporte de produtos mas que poderiam ser utilizados em qualquer lugar. Esse "qualquer lugar" é o ponto crítico: significa ignorar o sítio estudado. Significa uma ação incipiente do Arquiteto Urbanista, este profissional que estuda o espaço, a cidade, não as máquinas.


Evidentemente os desafios ecológicos e de logística nos colocam como coordenadores de diversos grupos: engenharia viária, sistemas e máquinas de reciclagem e distribuição, agentes sociais, interesses empresariais, políticos, interesses da população representada por suas associações diversas etc. Mesmo neste amplo espectro de ações, que nos torna gestores e pensadores administrativos (algo de que nosso país tem grande carência) ainda assim, o pensamento do espaço - no prédio e na cidade - merece ser valorizado; merece ser contemplado nos projetos futuros.


Sinto que o Arquiteto & Urbanista tem dificuldade de compreender sua importância profissional. Ao invés de ser um agente meramente cooperador, o Arquiteto Urbanista com sua visão ampla, interligando várias demandas e exigências, é um dos principais coordenadores e pensadores das questões urbanas - talvez, e me inclino a pensar cada vez mais assim, o principal coordenador neste quadro e que precisa compreender a força de sua profissão, que é, em suma, a força de pensar o planejamento.





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JORNADA DA HABITAÇÃO - SP CALLING
Exposição e palestras na Estação Júlio Prestes
São Paulo - SP
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JORNADA DA HABITAÇÃO - SP CALLING
Manifesto - Stefano Boeri
11 Novos paradigmas para compreender a favela
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CORTIÇO PARCEIRO DA PREFEITURA DE SÃO PAULO
Uma visita de alunos de Arquitetura & Urbanismo
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HELIÓPOLIS
Jornada da Habitação - SP Calling
Projeto dos Desnecessários

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BAMBURRAL

No bairro de Perus, zona norte da cidade de São Paulo, surgiu um aterro sanitário que foi desativado. A comunidade que se formou ao redor da área do antigo aterro é o Bamburral. Habitações com vários níveis de precariedade surgiram ali: desde lotes irregulares, mas com ruas, calçadas etc até os barracos de madeirite sob o córrego. A prefeitura prioriza o atendimento para as famílias em área de risco. Nesta área junto ao córrego o escritório Brasil Arquitetura está construindo um conjunto habitacional de alta qualidade, mesmo sendo HIS, habitação de interesse social.

Como alunos da fau-Mackenzie, visitamos o Bamburral e fomos convidados a projetar alguma intervenção que ligasse reciclagem com educação e renda.

Coordenando OS DESNECESSÁRIOS, tive a alegria de montar e entregar no mesmo dia do evento esse projeto, Ouvir Estrelas. Bruno Takeuchi foi meu parceiro valente: às 16:00hs os professores tinham em mãos os desenhos, elevações, plantas, memorial desciritivo e até pequenas maquetes do projeto.

A grande sacada foi encontrar espaço para a Arquitetura, uma vez que a favela (ou a comunidade como preferem alguns) possui pouco espaço livre e o aterro não suporta uma estrutura maciça, por questões de fragilidade do solo.

Optamos por 5 tendas, sobre o aterro. Sendo leves e portáteis, elas não sofrem com a acomodação do solo - ou sofrem pouco, digamos assim. 5 tendas de amarelo luminescente sobre o Bamburral. 5 estrelas conferindo beleza e espaço para a comunidade produzir, estudar e ensinar em alto nível ambiental.

As peças podem ser deslocadas para eventos ou cursos rápidos em outras partes da cidade. Um contêiner servirá de elemento para acomodação, transporte e, quando instalado, será a sala funcional para o que se desejar. 


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HELIÓPOLIS - SP CALLING
Jornada da Habitação - 2012

Aqui o filme sobre nossa visita à favela (comunidade) de Heliópolis. A ex-maior favela da cidade de São Paulo. Ex porquê após vários projetos de conjuntos habitacionais populares, houve queda no número de moradores de residências precárias.

O filme mostra pouco de Heliópolis - a Sonynha estava sem energia. Depois de deixá-la repousando, recarregando a energia, consegui fotografar. (Sonynha, vc já sabe: minha companheira leal - uma câmera de bolso Sony Cibershot que anda sempre comigo...)
De modo que tenho poucas imagens das casas e muitas do centro cultural onde estão a Etec, Escolas Fundamentais e área de lazer para a comunidade.
O ponto alto deste registro é a apresentação, pela primeira vez, em Heliópolis, de sua Orquestra Sinfônica, dirigida pelo Instituto Bacarelli. A ausência de um palco apropriado retardou esse dia, que então chegou! Veja aqui a alegria dos moradores e o encanto das crianças diante de um show tão soberbo.
E nós, alunos da Faculdade de Arquitetura & Urbanismo do Mackenzie, fomos convidados a conhecer Heliópolis, assistir as palestras dos arquitetos convidados (gente de  Nairóbi, Quênia e Moscou, Rússia) além dos amigos e gestores da Sehab e nossos professores dedicados (dedicados mesmo: ralar num sabadão sem ganhar um centavo só acontece com quem tem amor ao que faz!)
É isso.
Um abraço aos colegas, professores, maestro da sinfônica, gestores da Sehab, galera do terceiro setor (ONG's e Associações Comunitárias) e ao povo de Heliópolis.
Uma visita emocionante, inesquecível.


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JORNADA DA HABITAÇÃO - SP CALLINGS

CANTINHO DO CÉU
Região do Grajaú, zona sul da capital paulista.
Aqui o nosso memorial justificativo para instalar 12 profetas de Aleijadinho sobre a Billings.
Levamos em conta o poder da arte como instrumento de provocação, de estímulo à curiosidade, que por fim pode resultar num conhecimento melhor da arte brasileira, e do legado histórico imensurável da cultura do antigo Israel. Este legado até hoje influencia o pensamento cristão, ou seja, grande parte do pensamento ocidental.
O que nos faz crer ser pertinente a apropriação destas figuras que não são santos do panteão católico, antes são homens que atuaram na era pré-cristã. 
Nossa peça deve ser colocada separadamente, tornando-se uma sinalização, uma referência espacial e aqui pode se ver detalhes de sua estrutura interna.

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Após nossa visita ao Cantinho do Céu, na Jornada da Habitação - SP Callings, fomos desafiados a criar uma intervenção focalizada na água.

Essa foi a minha ideia:

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Este filme mostra as fotos tiradas na visita que fizemos em março de 2012 ao Grajaú, na comunidade às margens da represa Billings, onde está o Parque Cantinho do Céu. Neste dia aconteceu o seminário de Arquitetura & Urbanismo Jornada da Habitação, que não podendo usar oficialmente este nome por algum empecilho jurídico, foi nomeada SP Callings. As imagens do seminário estão no trabalho apresentado logo abaixo, nesta mesma página, onde pode se ver o arquiteto e urbanista Marcos Boldarini.
Fique com nosso filme do Cantinho do Céu, mas não estranhe a trilha sonora. Ela é uma homenagem aos visitantes da Colômbia que estiveram presentes ali.

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Aqui o seminário de arquitetura apresentando o Cantinho do Céu e projetos colombianos. 
O arquiteto Giancarlo Mazzanti apresentou o Parque Biblioteca España. A tenda de lona foi montada sobre a quadra de futebol da comunidade, que é de grama sintética. Mó calor, mas os ventiladores com vaporizadores tornou fresca a reunião (fresca no bom sentido, claro!).
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OFICINA DE CRIATIVIDADE - PÓS-GRADUAÇÃO NA FAU-MACKENZIE
 Uma oficina de 3 noites, para alunos da pós-graduação.
Haviam 6 vagas para alunos da graduação e fomos convidados pela professora Maria Augusta Pisani.
Desafio: propor algo para melhor qualidade de vida na favela (favela ou "comunidade"?)
Nova Jaguaré, na capital de São Paulo.
Tudo super rápido: na segunda noite já deveríamos ter um power-point apresentando o projeto!
Eu e meu parceiro, o José Lima Bezerra, arquiteto formado e atuando na área de cálculo estrutural e reparos em estruturas, conseguimos bolar uma intervenção de arte:
140 postes de led fazem a sinalização da principal artéria local. Durante o dia suas cores servem para orientar o visitante e uma placa de recados pode ser usada pelos moradores para publicarem anúncios locais de todo tipo: "vende-se uma Brasília amarela"; "cuido de crianças", "faço salgados" etc.
À noite os postes assumem uma visão de grande serpente luminosa, com 15m de altura, e o antigo farol recebe uma cor distinta, sinalizando um respeito à sua história.
Fomos tão eficientes que até uma maquete conseguimos apresentar!
Autores e livros foram citados para fundamentar o projeto e o toque lírico, (...sempre!) fica por conta de Tom Jobim e Miúcha.
Missão cumprida!
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Palitos sinalizam o caminho proposto para os postes de led.


Maquete simples, ok.
Mas fomos os únicos que entregaram maquete de seu projeto, feito em uma noite e meia!


A serpente luminosa cria uma identidade para o bairro; um senso de pertencimento e um referêncial na paisagem. Note o farol do Jaguaré destacado por receber luz com uma cor diversa da serpente, assim se destacando. A visão da Marginal Pinheiros e do alto dos helicópteros 
das redes de TV ganha impacto e beleza.



Com o dobro da altura de um poste convencional de iluminação, nossa peça precisa de uma base rígida, porém aceita flexibilidade na parte alta, que ao balanças segundo a força do vento, adquire um efeito dançante para os pontos de luz. Portanto a parte alta pode ser de outro material como o bambú, por exemplo. Essa parte alta encaixa-se de modo telescópico na base mais larga, de modo que a manutenção é facilitada ao se recolher a ponta, como uma antena de rádio de mesa.

A cor viva nos postes pode ser obtida por seu revestimento: tinta ou lona luminescente - dando sinalização e senso de orientação ao se andar pela comunidade.