Se a vida é uma escola, é melhor a gente não se formar nunca!

Se a vida é uma escola, é melhor a gente não se formar nunca!
Se a vida é uma escola, é melhor a gente não se formar nunca!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

RAFAEL MONEO - Sala de Concerto em Barcelona

Na aula de Teoria da Arquitetura 6, na Fau-Mackenzie, os professores nos deram estes dois textos para ler. Um é a análise um tanto ácida de um estudioso da área, outro é o ponto de vista do próprio Rafael Moneo sobre sua obra. Em español, mas sussa. Exceto duas palavrinhas, o resto é moleza.

Interessante o seguinte: no primeiro parágrafo de ambos os textos estão as ideias principais. O crítico aponta que a obra não conseguiu afetar positivamente o entorno. E Moneo, numa colocação magistral, reconhece, de certo modo alguma fraqueza (talvez esse não seja o termo exato), uma dificuldade, um obstáculo hercúleo: seu projeto tinha de se sustentar absolutamente só! Veja a primeira frase do Arquiteto e Professor, e talvez fiquei impressinado como eu fiquei com a profundidade de Moneo.

CLIQUE AQUI - O PONTO DE VISTA DE MONEO

CLIQUE AQUI - A CRÍTICA DE CARLOS MARTI

O Carlos Marti faz uma análise não só ácida, mas também pueril, superficial. Olha para a obra de Moneo como quem assiste um desfile de moda ou julga o design de um carro novo. Caça com tanto empenho os defeitos que os acaba encontrando: o tamanho do volume interno do salão, mais de 28.000m2 produz cantos onde algumas notas se perdem. Entende que a sobriedade do arquiteto impediu a consecução de uma passagem algo mais interessante ou excitante do exterior para o interior do auditório principal.

E, claro, denuncia já de início a falta de diálogo com o bairro e sua incapacidade de gerar no entorno algum envolvimento mais positivo. A fraqueza deste enfoque, a meu ver, reside na ausência de questionamentos  mais profundos. Uma análise crítica, penso eu, demanda a compreensão ou a tentativa de compreensão do processo criativo. De onde o arquiteto obteve o partido? Que forças o motivaram? Como esse partido se liga a seu repertório? Em que pontos ele se repetiu, usando elementos já dominados pela experiência e em que pontos ele se arriscou ousando novos jogos volumétricos e de implantação? A teoria e a crítica podem contribuir para a pesquisa arquitetônica quando consegue detectar o modus operandi do criador, já que contradições, inovações, repetições, signos, questionamentos, mesmo desabafos, entregas e respostas podem estar envolvidas numa solução projetual.

Este modelo de análise só acontece quando adentramos na mente do arquiteto, na sua história e detectamos suas intenções, sua paixões, seus pudores, sua angústia e o que lhe é caro. À partir daí podemos mesmo compreender seu ele está sendo honesto consigo mesmo, ou se abandonou sua autenticidade e "joga para a platéia".

Nada disso é relevante para Marti. Uma visão que se aproxima da visitante de um shopping olhando vitrines - "gostei/não gostei" emerge como o eixo central de sua análise. Sugiro que ele leia Inquietação Teórica e Estratégia Projetual, livro que me ajudou em muito não só a compreender o processo criativo e produtivo dos 7 arquitetos analisados, mas que me obrigou a olhar para dentro de mim mesmo, a fim de que eu identificasse as forças que me levam a projetar de um modo e não de outro. O autor desse livro é um ótimo arquiteto contemporâneo: advinha quem.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é bem-vinda, ainda que discordante. Não pretendemos a unanimidade, mas crescer pelo intercâmbio de ideias e pontos de vista diferentes. Sinta-se livre para expressar sua opinião!